ZÉ BIGODE - UMA VIDA DEDICADA À SANFONA E À TRADIÇÃO
Quando cheguei aqui, era 1958. Um menino velho, com 12 anos, cheio de sonhos e sem saber que essa terra se tornaria meu lar. Em 1968, voltei para Pernambuco, mas o destino me trouxe de volta. Em 1979, pisei novamente em Irecê – e daqui nunca mais saí.
A sanfona entrou na minha vida de um jeito inusitado. Troquei 10 grades de cerveja por uma sanfona em 1990, porque não tinha como comprar. Era o que dava para fazer. Com ela, comecei a tocar nos bares do bairro Novo Horizonte. Foi ali que tudo começou. Aprendi sozinho, no ouvido, escutando discos e tentando tirar no instrumento.
Minha carreira de verdade começou tarde, já em 1990. Antes disso, a vida era roça, trabalho duro. Não tinha tempo para tocar. Mas quando decidi viver da música, não olhei para trás.
Luiz Gonzaga sempre foi minha inspiração. Eu via ele tocar e pensava: "Isso é a coisa mais bonita do mundo." No sertão, a gente aprende a ler na marra. O J é Ji, o L é Lê. O S é Si, mas o R tem nome de Rê.
Hoje, olho para trás e vejo que cada esforço valeu a pena. Ser homenageado é um reconhecimento que carrego com orgulho. Me criei aqui, minha vida foi construída aqui.
Para mim, Irecê é a cidade-mãe do Brasil.
"E a sanfona, essa nunca mais saiu dos meus braços. "

Zé Bigode: Uma Lenda Viva na Memória de Irecê
Zé Bigode, que nos deixou em 2019, continua presente em cada canto de Irecê e região. Sua partida deixou uma saudade imensurável, mas seu legado se fortalece a cada dia.
A Festa Junina de Irecê ganhou o nome de Circuito Zé Bigode, eternizando sua contribuição para a cultura local.


No coração da cidade, uma estátua com sua imagem representa a força e o carinho que todos têm por ele.
Agora, um novo passo para manter sua memória viva: um projeto está em andamento para que o nome de Zé Bigode seja eternizado em uma rua de Irecê, para que sua história seja lembrada pelas futuras gerações.
Zé Bigode pode não estar mais entre nós, mas seu espírito continua iluminando Irecê e todos que o conheceram. Vamos juntos manter viva essa herança cultural!


Em memória